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Meninos de verdade

Uma das mais lindas histórias infantis é a de Pinóquio, o boneco de madeira que queria virar um menino de verdade. Originalmente ela foi escrita pelo italiano Carlo Collodi, em 1881, e nela aparecem vários simbolismos ligado à vida social e política da época. Na animação da Disney, seu enredo foi infantilizado, e sua maior mensagem é a relação de afeto entre o velho carpinteiro e o seu boneco de madeira, a quem considera um verdadeiro filho.

A adoção está retratada nessa história pelo desejo de paternidade do velho Gepeto, de seu sacrifício pelo filho que criou, mostrando que a função assumida traz muitas dificuldades e sofrimentos. Aquele pequeno ser, depois de muitas aventuras e trapalhadas, apenas se conscientiza de seu papel quando salva o pai que foi engolido pela baleia, realizando assim seu maior desejo: Pinóquio, o boneco de madeira, com a intervenção da Fada Azul, vira um "menino de verdade" .

A adoção existe juridicamente desde o surgimento da família patriarcal. O desejo e a necessidade da descendência é relatada pelos historiadores. A importância da filiação, seja para a manutenção do clã familiar como da própria propriedade, faz-se presente nas civilizações antigas.

A grande alteração histórica é a mudança de percepção sobre a finalidade do instituto, que passa do objetivo principal de oportunizar a paternidade ou a maternidade a quem não tem ou não possa ter filhos, para o encaminhamento de uma criança ou de um adolescente, excluído de uma família biológica para uma família substituta. É a chamada função social da adoção, presente na nossa legislação na busca de uma proteção integral.

É necessário ampliar as possibilidades do encontro dos adotantes e crianças e adolescentes aptos à adoção, observando-se a excepcionalidade dessa medida, eis que há uma prioridade na preservação dos vínculos naturais.

Os dados estatísticos atuais confirmam que o número de crianças institucionalizadas não corresponde ao número daquelas em condições de serem adotadas. A maioria dos menores abrigados mantém vínculo familiar, não sendo caso de substituição familiar. Por outro lado, é direito dos pretendentes expressarem sua preferência para a filiação e, exatamente aí é que está o maior entrave para o encontro entre pais adotivos e filhos adotados.

O tempo é o maior inimigo dos aptos à adoção, sendo que a chamada "adoção tardia" é a que encontra maior dificuldade de se concretizar, por isso a necessidade de projetos e eventos que promovam a chamada "busca ativa", termo inserido no Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária que objetiva dar visibilidade às crianças e adolescentes acolhidos.

A adoção é a expressão máxima do cuidado, do afeto e da solidariedade. No Dia da Adoção, celebrado no dia 25 de maio, homenageamos a todos aqueles que seguem o exemplo de "Gepeto" e da "Fada Azul". Lugar de criança é na família. É lá que elas se sentem efetivamente "meninos de verdade".

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